
Antes de tudo, luto pela sobrevivência do meu corpo negro em um sistema que oprime, aprisiona e mata.
No mês da Consciência Negra, que por engraçada coincidência é marcado pelo Dia Mundial do Veganismo, pessoas negras acabam ganhando mais visibilidade sendo lembradas, indicadas e homenageadas. No entanto, pouco ainda é entendido e discutido (e os esforços de muites pra tentar entender ainda são mínimos) acerca das necessidade do porquê falar sobre o contexto racial dentro de um movimento que, por muitas vezes, não consegue esconder o caráter racista dentro de suas ações.
Neste país, grande parte da população negra representa os indicadores de grupos mais pobres e vulneráveis, sendo acometidos por doenças da modernidade como, por exemplo, doenças cardiovasculares. Entretanto, a alimentação à base de vegetais que foi seguida pelos nossos ancestrais, é perpetuada como algo inacessível e, consequentemente, inalcançável. Nesse sentido, a luta por libertação animal se torna embranquecida, assim como discutir e lutar pelas pautas ambientais também.
Por isso, dentro de um movimento em que ideias e princípios foram construídos ao longo dos anos, é preciso quebrar com as visões colonizadoras da branquitude, transpassando o diálogo para outros segmentos da população. É necessário fortalecer a organização de pessoas negras dentro desses espaços, indo muito mais além de indicações.
Este texto é um convite para articular um veganismo antirracista não só esse mês, mas todos os dias. Nas palavras de Thomas Sankara, líder e revolucionário africano, “aquele que nos alimenta, nos controla”.
Ellen Monielle (@eco.fada)